quinta-feira, 30 de maio de 2013

Resenha - As Vantagens de Ser Invisível



 Stephen Chbosky

As Vantagens de Der Invisível

Editora: Rocco

Rio de Janeiro, 2007 - 224 páginas

Idioma original: Inglês

Tradutor: Ryta Vinagre
Depois de assistir o filme do mesmo nome, fiquei com um desejo imenso de ler este livro, pois esperava, como segue a regra, que o livro fosse mais profundo e melhor narrado do que o filme, entretanto, mesmo raro, encontrei a exceção a regra.
O livro conta a história de Charlie, um garoto de 15 anos, retraído, extremamente tímido, inteligente, porém muito inocente em relação a vida e ao convívio social. Logo de cara percebe-se que ele teve algum problema psicológico no passado, pois embora calmo, vira e mexe ele comenta sobre o que o incomoda e com medo explodir num surto, começa a chorar.
Ele começa a se socializar melhor com as outras pessoas (fora a sua família) quando conhece Patrick e sua irmã Sam que vêem no novo amigo uma pessoa pura e inocente e acabam o “adotando” e apresentando-o ao seu grupo de amigos. Charlie por sua vez começa a entrar numa nova fase da vida e a sentir novos sentimentos e emoções, muitas vezes não sabendo reagir em certas situações.
É exatamente neste ponto em que o livro se diferencia do filme. Embora no filme essa inocência de Charlie seja bem marcante, ela não passa do limite do irreal como acontece no livro, ou pelo menos disfarça com mais sutileza. Existem situações em que fica difícil acreditar que o protagonista é um garoto de 15 anos com uma inocência maior que o comum para garotos nesta idade, tem horas que ele reage como se fosse um garoto inocente de 11 anos ou um garoto de 15 anos com algum retardo mental.
Outra coisa que me incomodou um pouco foi a estrutura em que o livro foi escrito, como se cada capitulo fosse uma carta que o protagonista estivesse enviando para alguém. Cada vez mais me convenço o quanto é difícil escrever um livro bom neste estilo, este ano já li três nesta estrutura e só o que me agradou foi “Precisamos falar sobre Kevin”. Acho que essa estrutura não deixa a história fluir como deveria e também muitas vezes acontece de o escritor se perder quando escreve um livro inteiro na primeira pessoa, ora escreve com uma linguagem popular, no caso, como se fosse um garoto de 15 anos escrevendo e ora escreve numa linguagem mais rebuscada o que contradiz com a proposta do livro.
Entretanto a essência da história continua sendo muito boa e profunda, abordando vários temas como a homossexualidade, o abuso sexual infantil, os transtornos e traumas que uma pessoa pode desenvolver sobre uma coisa que aconteceu na sua infância, a relação família e o confuso mundo de escolhas e decisões dos adolescentes que estão ingressando na fase adulta. Sem contar as ótimas referencias musicais e literárias que estão presentes no livro do começo ao fim.
Para aqueles que fazem questão de ler o livro, eu recomendo, garanto que não vão desperdiçar o tempo de vocês, mas para aqueles que não fazem tanta questão recomendo que assistam só ao filme (esse é o tipo de filme que a pessoa tem que assistir pelo menos uma vez na vida), pois acho que a mensagem esta melhor elaborada nele.

PARADA DE ÔNIBUS – A CONSULTA (parte II)



- Oi. Você é engenheiro?
- Oi. – respondeu assustado o jovem pela abordagem inesperada da estranha. – Serei um dia se Deus quiser. Estou estudando engenharia.
- Imaginei pela farda que você usa para ir trabalhar.
- Hum. – esboçando um sorriso de simpatia.
- Onde fica a empresa que você trabalha?
- Em São Gonçalo do Amarante. – respondeu automaticamente ainda pensando no porque do interesse.
- Nossa é muito longe. Ainda bem que a empresa disponibiliza um ônibus para vocês né?!
- É. Se não fosse isso teria que pegar 3 ônibus para chegar lá.
- Pesado essa rotina.
- É.
- Eu já trabalhei numa empresa de engenharia também. Para falar a verdade foi meu último emprego antes desse que estou agora.
- Legal. Você fazia o que lá?
- Era da faxina, mas acabei achando melhor ir para essa creche que trabalho. É mais parto de casa.
- Hum. – disse o rapaz virando o rosto achando que a conversa tinha acabado.
- O sonho do meu filho era ser engenheiro. – voltou a comentar a senhora como se a conversa não tivesse morrido.
- Ele vai fazer vestibular para engenharia.
- Não. Ele já se formou em administração e acabou de passar num concurso. – disse cheia de orgulho.
- Nossa, parabéns pra ele.
- Pois é. O mais novo também fez um concurso a pouco tempo. To torcendo muito para ele passar. – respirou cheia de orgulho.
- Que bom. Espero que dê tudo certo.
- Também espero. Sabe que já era para eu me aposentar desdo ano passado né?! To tão cansada, esse trabalho é muito estressante. Sem contar a minha saúde. Eu tenho um problema sério de audição sabe, praticamente não escuto do lado direito.
- Nossa! – disse o rapaz arregalando os olhos demonstrando espanto.
- E meu outro ouvido funciona só 50%. – disse a senhora ignorando a exclamação do rapaz – Fui ao médico há umas semanas atrás e ele disse que vou ter que fazer uma cirurgia e ainda assim vou ter que usar um aparelho.
- Mesmo com a cirurgia vai ter que usar o aparelho?! – disse demonstrando interesse.
- E esse aparelho é muito caro. – continuou sem nem ligar para o comentário do seu confidente. – mas o doutor falou que tem um jeito de conseguir de graça, é alguma coisa relacionada com um plano do Banco do Brasil.
- Que bom. Espero que consiga. – disse ele já duvidando que a senhora estava escutando qualquer um dos seus comentários.
- Acho difícil conseguir. – respondeu, mas ele ficou sem saber se estava respondendo por causa do seu comentário ou estava apenas completando o raciocínio anterior. – O doutor falou que consigo, mas acho que não.
- Hum. – resolveu não fazer nenhum comentário até ela terminar a história toda.
- Você não sabe como é a dor. As vezes dói tanto, mais tanto que fico com dor de cabaça o dia todo. Ainda mais trabalhando numa creche onde tem criança chorando e gritando para todo lado.
- Verdade.
- E nem sei se vou conseguir fazer essa cirurgia. A diretora do colégio já ficou reclamando por eu ter tirado dois dias de licença por causa da dor de ouvido.
- Mas é um direito seu. Principalmente se você tem como respaldo o atestado médico.
- É que ela fica falando que eu deveria ter visto isso nas minhas férias. O pior é que passei as férias todas fazendo exame. Parece que nem descansei. – disse com amargura da voz por ter perdido as férias em hospitais – Só fico imaginando quando eu for informar que vou ter que fazer a cirurgia e que por isso vou ter q ficar duas semanas de repouso.
- Hum. Complicado. Mas você e nem ela podem fazer nada. É questão de saúde.
- Foi o que o doutor falou. Disse a ele que ia esperar até as próximas férias para fazer a cirurgia, ele foi logo falando que a cirurgia não poderia esperar, que eu poderia perder a audição por completo até lá.- disse ela sem respirar. – ai eu disse: “e o meu trabalho?”, ai ele falou: “exatamente por isso que a cirurgia tem que ser feita logo, como você pretende trabalhar quando perder completamente a audição?” – falou fazendo uma imitação tosca da voz do médico - E vai ser isso que eu vou falar pra ela.
- Ele está certo.
- O doutor é muito legal sabe. Ele esta me apoiando em tudo.
- Hum. Que bom. – Disse o engenheiro já se levantando do banco da parada de ônibus, pois enfim via o seu ônibus chegando mais a frente.
- É. É um homem muito bom. – falou a senhora olhando para o nada com expressão de reflexão, mas esse momento durou apenas alguns segundos, logo depois ela se desembestou a falar novamente – Então, se meus dois filhos forem concursados eu vou me aposentar sabe.
- Sério mesmo?! – exclamou o jovem engenheiro com desespero em ver que seu ônibus parou no semáforo mais a frente.
- Sério. Eu não queria não, mesmo estando cansada assim, mas meus filhos já falaram que querem que eu pare de trabalhar. Que eu deveria ficar em casa para descansar e cuidar da saúde.
- Vá descansar, faz bem pra saúde. – disse olhando o tempo todo para a rua em direção ao ônibus da empresa. Nunca aquele semáforo demorou tanto.
- Eita! Seu ônibus ali né?!
- Pois é. – disse ainda olhando o ônibus parado. – Espero que dê tudo certo. A cirurgia, o concurso do seu filho, a aposentadoria.
- A sim, espero que meu filho mais novo passe no concurso.
- Uhum. – finalmente o ônibus começou a andar.
- E o meu mais velho queria tanto fazer engenharia.
- É – “Graças a Deus ele esta chegando. Como essa mulher fala” pensou.
- Será que ainda dá tempo dele fazer?
- Quem sabe? – disse o jovem pensando: “eu tenho um imã para essas pessoas que gostam de falar sobre toda a sua vida pessoal com estranhos”.
- Acho que ele gostaria. Vou dar a idéia para ele.
- Uhum. – “tudo o que eu queria de manhã era pegar o ônibus em silencio, escutando uma musica e dormir na viagem até o meu trabalho. Só isso”
- Mas ele deve estar cansado, ele estudou muito para passar no concurso.
- É. – “meu Deus por que esse ônibus esta demorando tanto? São nem 200 metros”
- Gostei de você. Vou falar para o meu filho que conheci um engenheiro muito legal.
- Rsrsrsr - riu o garoto aliviado por ter o ônibus parado na sua frente. – Bom vou nessa. Prazer.
- Prazer foi meu. Bom trabalho.
- Valeu. Tchau. – despediu-se já subindo no ônibus.
- Tchau. Até amanhã. Depois te conto o que o meu filho disse.
- Ta. – disse já pedindo para o motorista acelerar.
- Tchau.
“Contar o que o filho disse? Sobre o que? Eu perguntei alguma coisa?” pensou o rapaz ao se sentar.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Resenha - Filhos do Éden: Herdeiros de Atlântida (livro 1)



Eduardo Spohr
Filhos do Éden: Herdeiros de Atlântida (livro 1)
Editora: Verus
Rio de Janeiro, 2011 - 473 páginas
Idioma original: Português

Atualmente, com o aumento de procura dos jovens por livro, a produção de livros aventura/fantasia tem crescido bastante, dando a oportunidade de novos escritores aparecerem e mostrarem a sua obra. Apesar de não ser comum na literatura brasileira esse tipo de leitura, estão surgindo uma nova geração de escritores que estão conseguindo obter sucesso nessa área e um deles é Eduardo Spohr.
Fugindo um pouco da febre das histórias de vampiros e lobisomens que esta assolando o universo literário na atualidade, Spohr resolve escrever sobre o universo dos anjos. Filhos do Éden é uma saga que conta a história que precede o seu primeiro livro “A Batalha do Apocalipse”. Neste primeiro livro da saga a história gira em torno da misteriosa Atlântida, pois esta é uma peça importante para o desenrolar da batalha entre os anjos.
A história começa com Levih e Urakin procurando por dois anjos desaparecidos, eles tem a missão de encontrá-los, se preciso resgatá-los e ajudá-los a terminar a missão que lhes foi cabida. Entre perseguições e fugas, Denyel, um anjo exilado acaba entrando ao grupo e mesmo relutante no inicio, torna-se uma peça importante para o desenrolar da missão desses anjos.
O universo que Spohr criou é muito bem definido e explicado. Durante a história ele vai nos integrando ao mundo dos anjos, explicando como funciona os sete céus, em quantas castas os anjos se dividem e quais as suas características, a diferença entre anjos, demônios e fantasmas e principalmente a razão da guerra entre os anjos.
O que mais me prende nesse livro é a explicação da origem da vida, de quem é Deus, ou no caso Yahweh, a explicação das catástrofes bíblicas, a inveja que os anjos tem dos humanos, a história de como alguns anjos acabaram simpatizando com os humanos e se rebelaram contra o príncipe dos anjos e seu exercito, Spohr conseguiu até explicar de uma maneira plausível como pode coexistir os deuses das religiões politeístas e o Deus cristão que criou o universo, ou seja, o que mais prende o leitor ao livro não é a trama que esta se desenrolando com os personagens principais e sim o universo em que a história foi criada.
Entretanto algumas passagens me incomodaram um pouco. No começo do livro parecia que Spohr iria cometer o mesmo erro do seu primeiro livro. Em “A Batalha do Apocalipse”, Spohr faz descrições e explicações desnecessárias, como explicar a sentimento que o personagem esta expressando no momento, quando fica claro pela personalidade que ele vem demonstrando até então e a forma como ele falou, tornando assim a descrição redundante. Esse “erro” é típico de quem esta começando a escrever e com medo de o leitor não entender o que quis dizer, acaba reescrevendo uma coisa que dava para interpretar. No primeiro livro de “Filhos do Éden” parecia que Spohr iria cometer o mesmo erro, mas da 60ª pagina em diante, essa redundância já não se apresenta no enredo o que fez com que me envolvesse ainda mais com o livro.
Meu maior medo em ler a continuação deste livro é ver como o autor vai lidar com a personagem Kaira, pois no livro em questão, apesar de ser um anjo, ela ficou bastante humanizada, mas era justificável esse seu comportamento, entretanto para o próximo não se justificaria mais suas reações emotivas e intempestivas, seu comportamento tem que ser mais compatíveis com as dos anjos e mais especificamente as características de sua casta.
Para quem gosta desse estilo de leitura eu recomendo o livro. Ele é bem escrito, as batalhas bem descritas, a história e os personagens bem desenvolvidos. Sem contar que como amante de boas histórias de aventura/fantasia, é sempre bom ver um escritor brasileiro se dando bem ao produzir esse tipo de obra. Eduardo Spohr entra junto com André Vianco no Hal dos poucos brasileiros que tiveram sucesso com esse tipo de literatura e com certeza estarei lendo sempre que possível outras obras dele.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Poemas - Especial Dia das Mães



LEGADO DE MÃE

Do escuro e silencioso ambiente
Aconchegado em concha espero
Uma voz vem perturbar meu descanso
Sinto seu acalento e desperto a curiosidade
Preciso conhecer a dona dessa voz que me alegra

Em seus braços fui acarinhado assim que cheguei
Talvez por não ter dentes meu sorriso a fazia chorar
Mas mesmo chorando sentia seu coração acelerar
Minhas sujeiras você limpava e de madrugada te acordava
Cansada sei que estava, mas mesmo assim você nunca faltava

E assim fui crescendo
Trocando minha chupeta por um presente de natal
Sua ausência foi tendo intervalos cada vez maiores
Passei a esperar ansioso a noite para a hora da história
E jogos de tabuleiros e piqueniques nos reuniam todo final de semana

Mais independente fui ficando
Escola, vôlei e cursos ocupavam meus dias
Grandes grupos de amigos fiz
E fiz de nossa casa uma verdadeira “casa da mãe Joana”
Mas com paciência e simpatia você recebia a todos, sem reclamar

Finalmente cheguei. Estou no divisor de águas
De um lado uma criança bricalhona e super ativa
Do outro um rapaz com responsabilidades e obrigações
No ingresso a vida adulta o medo me alcançou
Mas escutando meu silencioso grito de socorro você me guiou

Hoje nós invertemos nossos papeis
Enquanto trabalho, estudo e me divirto com os amigos
Você me espera em casa para uma boa conversa e um bom carinho
Só que apesar de querer aproveitar esse breve momento contigo
“Sem tempo e com milhares de coisas para fazer estou” diz minha vã consciência

Daqui a pouco formarei minha própria família
Chorarei com um sorriso banguela, limparei sujeiras,
Lerei histórias, jogarei jogos, aconselharei sempre que for preciso
E ainda guiado pela sua sabedoria, força, paciência e carinho
Passarei para as futuras gerações todo o legado que você me passou

Te amo!

segunda-feira, 6 de maio de 2013

EXEMPLO DE ETIQUETA NO ONIBUS



Acho engraçado esse pessoal do ônibus, a ideia de preferência e de solidariedade deles é bem distorcia para favorecer a sua situação. Todos aqui sabem que a preferência dos assentos é dos idosos, gestantes, deficientes físicos e pessoas com grandes e pesadas sacolas (esse ultimo por questão de consciência e bom senso), entretanto o povo brasileiro sempre arranja um argumento para a sua defesa, como falar que existem assentos preferências para esse grupo seleto de pessoas e se já estão ocupadas, eles não podem fazer nada.
Olha aquela situação, uma mulher, beirando seus 45 anos, com sacolas de supermercado suficientes para alimentar dois filhos mais o marido por duas semanas, em pé, com 6 sacolas numa mão e duas na outra que também segura a barra de ferro para tentar mantê-la em equilíbrio, ao lado dessa pobre pessoa esta uma estudante, com aproximadamente 15 anos, sentada, apenas com uma mochila no colo e conversando com sua colega. O que custaria a menina dar o seu lugar para a senhora que esta carregando muito peso? Aposto que ao sentar a senhora iria se oferecer para carregar a mochila da estudante como agradecimento. Só não dou o meu lugar porque também estou com muita carga, minha mochila esta com pelo menos 3 livros grossos, um caderno, notebook, agenda, roupa... sem contar que tenho que terminar de ler esse livro até depois de amanhã e o único tempo que tenho para lê-lo é no ônibus.
Ou então aquilo, uma senhora de uns 70 anos tentando se sustentar em pé no sacolejar do ônibus porque todos que estão ao lado dela estão dormindo ou falando no celular olhando para paisagem da janela como se ainda não tivesse visto a senhora ao seu lado. Tenho certeza que não tinha ninguém dormindo antes dela entrar. Esse jeitinho brasileiro me irrita. Se ela não tivesse tão longe e o ônibus tão lotado ia chamá-la para sentar no meu lugar, mas nesse amontoado de gente a frágil senhora deve fazer um esforço muito grande para chegar até aqui, melhor que ela fique por lá mesmo. A qualquer instante alguém pede parada e ela vai poder sentar.
E aquela mulher. Qual o problema dela colocar seu filho que deve ter uns 7 / 8 anos no seu colo para poder vagar mais um assento? Garanto que não iria atrapalhar o jogo que o menino está jogando no celular. Como tem gente sem noção no mundo. Se minha prima fosse um pouco mais nova eu colocá-la-ia no meu colo e daria o lugar para uma dessas pessoas cansadas voltando para casa depois de uma rotina dura de trabalho, mas hoje em dia uma criança de 11 anos não é mais criança né?!
Olha! Parece que vai entrar um cadeirante. Agora eu quero ver como esse povo vai se comportar, fingir que estão dormindo é que não vão, eles são curiosos demais para isso, mas duvido alguém se levantar para ajudar o rapaz a subir no ônibus. Aquele rapaz por exemplo, provavelmente ele vai ficar olhando todo o processo sem ajudar porque deve ser a primeira vez que ele vê essa situação e quer saber como funciona o elevador feito especialmente para os cadeirantes entrarem nos ônibus. As mulheres vão ficar olhando para o deficiente físico e para os homens que estão dentro do ônibus com olhar de suplica, para ver se alguém se compadece e ajuda o pobre rapaz, entretanto não vão falar nem fazer nada. E o motorista e o cobrador? Nem se mexem, acho que para eles parar para os cadeirantes já é mais do que um favor que eles fazem. Sério mesmo que ninguém vai se mexer para ajudar? Vão ficar só olhando a batalha do homem para encaixar a cadeira no elevador? Tudo bem que eu já esperava, mas sempre acho que vai aparecer um salvador. Ah, ufa! O salvador apareceu. Mas fala sério, se depender dessa sociedade estamos ferrados. Deveria existir mais gente como eu que se preocupa com o próximo. Agora posso voltar a ler meu livro em paz.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Poemas



IMPOSSÍVEL QUERER

Eu quero o que penso
O que sinto, o que cheiro
Mas num campo ensolarado de relva verde
Não sinto o cheiro da chuva
Num lago límpido da Antártida
Não sinto o morno e doce toque da pele
E com a falta da nostalgia infantil
Não penso em nada mais que um fim tétrico
Como é querer ter o medo ao seu lado
Para poder sentir nada mais que vento úmido
Um sopro gélido de esperança
Para dizimar a dicotomia da conquista
Conquistando todo cheiro, o sentido e o pensamento
Assim num campo ensolarado
Sentirei o morno e doce toque
Numa infantil lembrança
Lembrarei da leve fragrância da chuva
E num límpido lago
Cristalizarei todo mal que viria a ser
Ou tudo isso não passa de uma turva visão de branco
Donde todo cinza vira paisagem
E toda paisagem é cinza